A partir de estruturas fixas ou temporárias, sistema de construção modular adequa rapidez e design conforme a necessidade de cada projeto
Imagine o quão desafiador foi construir a estação brasileira Comandante Ferraz num lugar inóspito como a Antártica, onde o transporte dos insumos demora 120 dias para chegar, o clima é extremamente severo, com intervalos curtos de tempo apropriado para construção, voos e navegação. Essa proeza só pôde ser realizada por meio da construção modular, alternativa que tem chamado a atenção por conta de vantagens, como a execução de uma obra bem mais rápida, flexibilidade, versatilidade e custo reduzido.
Essa solução construtiva foi a única forma viável para erguer essa estação, possibilitando uma montagem eficiente, em local onde o meio ambiente é rigidamente controlado e sequer é permitido utilizar concreto. Além da estação brasileira na Antártida, outras obras servem de referência para aplicação do sistema modular, como na área da saúde, por exemplo, durante a pandemia de Covid-19 em que houve a necessidade emergencial de construção de hospitais para aumentar a oferta de leitos.
Nicolau Lucif, diretor da NGI Engenharia, informa que a cidade de Wuhan, na China, construiu um hospital de 25 mil metros quadrados e capacidade de receber até 1.000 pacientes, utilizando o sistema modular. “A edificação ficou pronta em apenas dez dias e foi fundamental para mitigar o colapso do sistema de saúde”, detalha. O Brasil também contou com edifícios do tipo, como o hospital Regional de Campo Grande (MS) e o hospital Moinhos de Vento, localizado na cidade de Porto Alegre (RS).
Além dessas construções permanentes, o sistema tem chamado a atenção na montagem de estruturas temporárias como canteiros de obras, áreas de oficina, manutenção, alojamentos, locais para suprimento de peças em campo, postos avançados, entre outros. “Até em eventos como o Rock-in-Rio, carnaval, e no segmento de construções definitivas, a solução modular metálica tem substituído estruturas convencionais de concreto armado”, acrescenta João Carvalho, diretor da Embraloc.
Praticidade
Focada em soluções modulares, a Embraloc fabrica, aluga e vende módulos para construtoras, empreiteiras e locadoras, difundindo conhecimento sobre a ampla variedade de aplicação desse sistema construtivo. Segundo ele, o aeroporto de Fernando de Noronha está sendo ampliado com solução modular, os das cidades de Araripina e Serra Talhada, ambas em Pernambuco, são modulares, além de estruturas de terminal rodoviário, segurança pública, postos de atendimento à saúde pública, entre outros locais.
“Já existem fornecedores trabalhando na construção de casas temporárias para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. A solução modular deixou de ser uma ideia longínqua, vista exclusivamente em países europeus e norte-americanos. Com ela, estamos tornando os canteiros de obras mais personalizados, conforme os gostos e necessidades do cliente”, explica Carvalho.
Para elaborar o projeto arquitetônico, basta o cliente passar algumas informações, como o efetivo de engenheiros, encarregados, funcionários, estruturas de escritórios, salas de reunião, vestiários, refeitório, banheiros, entre outros detalhes. A Embraloc faz um layout personalizado que atenda às expectativas.
A estrutura pode ser temporária ou fixa, o que ajuda a evitar problemas com obras malsucedidas do poder público. “Imagine quando um governo investe em terminais aeroportuários e escolas sem saber se vai haver demanda. Hoje, o gestor tem a alternativa de apostar na experiência modular a título de locação ou até compra também, porque é um investimento irrisório se comparado com definitivo quando você envolve projeto básico executivo, construção, licitação. Havendo demanda e recurso, o governo aplica o capital no momento certo”, conjectura.
A Embraloc tem unidade fabril em Suape (PE), em um terreno de 20 mil metros, com 5 mil metros de área industrial, 5 mil de área de reparo e administrativa. Para o setor de locação, a empresa desenvolveu um kit modular com estrutura de piso, pilar e cobertura. Estou chamando kit porque só para você ter uma referência em uma carreta, nós disponibilizamos de uns 14 kits então, é um dano logístico absurdo estamos em Pernambuco, mas nada que possa mobilizar equipamentos para outros estados. Nós já temos clientes em Goiás, São Paulo, Maranhão, então quando você consegue racionar o custo logístico para 14 unidades, então a coisa fica bem mais interessante do que mobilizar uma estrutura fixa.