Mesmo enfrentando desafios inerentes ao setor de locação no Brasil, o Sindileq-CE se destaca com uma atuação marcante, representando um mercado que se fortalece e amadurece rapidamente
O IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, órgão vinculado à Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado, divulgou em seu relatório do PIB 2024 dados que mostram um crescimento de 6,49% para o estado, o maior desde 2010 e quase o dobro da média nacional no mesmo período, que foi de 3,4%. Já no primeiro trimestre de 2025, o IPECE registrou um crescimento de 4,18% em relação ao mesmo período de 2024. E, ao que tudo indica, novos recordes estão a caminho.
Mas como esse cenário impactou o setor de locação de máquinas e equipamentos para a construção civil cearense em 2025? É sobre isso que conversamos com o presidente do Sindileq-CE e da Loquicenter, Fábio Cavalcanti, há décadas com atuação marcante no setor. Ele fala sobre conquistas, desafios e as perspectivas para o segundo semestre e para o próximo ano, mesmo diante das turbulências.
Contrastes
O Ceará conta atualmente com aproximadamente 300 empresas de locação de equipamentos, em sua maioria pequenas e médias empresas familiares. É um mercado bem abastecido por máquinas, tanto da linha leve – com predominância de locação de andaimes, betoneiras, ferramentas elétricas e pequenos compactadores – quanto da linha amarela, com grande volume de retroescavadeiras e rolos compactadores. O mercado cearense inclui ainda locadoras de plataformas PEMT e geradores de energia, incluindo modelos de torre de iluminação fotovoltaicos.
“O Ceará tem se destacado pelo crescimento do PIB, superior à média nacional”, comemora o presidente do Sindileq-CE. “Isso refletiu positivamente no mercado da construção civil. Foram lançados muitos empreendimentos de moradias populares, como o Minha Casa, Minha Vida, e, simultaneamente, vários condomínios de alto padrão. Áreas como Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza, têm se configurado como uma nova fronteira habitacional. Algumas microrregiões importantes, como o Cariri, no sul do estado, e Sobral, na região norte, ficaram em segundo e terceiro lugar em crescimento”, relata Fábio Cavalcanti.
As edificações comerciais também não ficaram atrás. O governo do estado anunciou diversas obras de pequeno porte em todo o Ceará. Na área de infraestrutura, segundo Fábio, o destaque ficou por conta de obras de saneamento espalhadas pelo estado.
“No entanto, mesmo com o mercado da construção aquecido, enfrentamos dois grandes problemas em 2025: o excesso de chuvas no início do ano e um número elevado de feriados. Isso realmente criou um cenário mais complexo para nossa região”, complementa o presidente do Sindileq-CE.
“Ainda assim, estimamos uma evolução média ao longo do ano entre 7% e 10% no volume de locações, impulsionada pela busca das empresas por soluções mais ágeis e pelo modelo de uso baseado na locação versus propriedade, uma tendência já consolidada em todo o Brasil.”
Tarifaços e incertezas
Um desafio enfrentado por todo o setor de rental e reforçado pelo Sindileq-CE são os juros altos, que impactam negativamente na renovação das frotas e na aquisição de novos equipamentos para ampliação de portfólio. “Temos visto alguns fabricantes reduzirem o prazo de pagamento. Por outro lado, temos a facilidade de algumas linhas de crédito do Banco do Nordeste. São financiamentos de longo prazo que, apesar da burocracia, oferecem taxas menores que os programas de incentivo do governo, como o FGI e o Pronampe”, diz.
Outro ponto comum no setor e que preocupa seriamente o Sindileq-CE são os desdobramentos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. “No Ceará, as exportações para os EUA representam 52% do total. É um volume significativo, o que impacta negativamente nossa economia, mesmo com uma expectativa positiva para 2026.”
Apesar disso, Fábio Cavalcanti destaca que o setor de locação é uma grande alavanca para o mercado da construção, devido à variedade de equipamentos disponíveis e à possibilidade de o construtor dar início ou executar sua obra sem a necessidade de grande capital.
“De modo geral, o ritmo da construção tem uma cadência de um ou dois anos para a conclusão de obras de grande porte. Assim, o que está sendo executado ou contratado em 2025 já garante uma base para 2026.”
Amadurecimento
Fábio Cavalcanti é enfático ao afirmar que o mercado de locação é a bola da vez nas atividades econômicas. O número crescente de locadoras e a expansão de franquias importantes, como Casa do Construtor e Mestre de Obras, demonstram, segundo ele, a pujança do setor no Brasil. No entanto, ressalta que o mercado de locação do Ceará carece de um amadurecimento que virá com a experiência e o apoio de entidades, sindicatos e associações do setor.
A entrada de novas empresas no mercado não se traduz necessariamente em um aumento no número de associados ao Sindileq. Além disso, como em todo o país, persiste a dificuldade em contratar e treinar mão de obra qualificada.
Em 2024, o Sindileq-CE firmou um convênio com o SENAI para a realização de cursos de mecânica e elétrica para técnicos das locadoras associadas, enquanto fabricantes, ocasionalmente, oferecem cursos de manutenção específicos para seus equipamentos.
“O setor de locação tem um papel fundamental no desenvolvimento econômico do Ceará e do Brasil. Não tenho dúvida de que a chave do sucesso está na profissionalização, na inovação e na colaboração entre empresas. Nós seguiremos atuando fortemente para dar voz ao setor, ampliar a representatividade e oferecer ferramentas que melhorem a competitividade das empresas locadoras.”
Checklist Ceará
- Construção Civil em 2024 – crescimento de 10,97% em relação a 2023
- PIB do Ceará em 2024 – 6,49%, o melhor desempenho desde 2010 (IPECE)
- PIB no primeiro trimestre de 2025 – crescimento de 4,18% em relação a 2024
- 2025 – Demanda imobiliária alta, com a classe média buscando upgrade e segunda residência em Aquiraz e Cumbuco (Sinduscon-CE / Sindileq-CE)
- Expectativa de aumento no volume de locações – 7 a 10%
- Expansão forte do emprego na construção no início de 2025 (Sinduscon-CE)
- Infraestrutura – Linha Leste do Metrô de Fortaleza com 7 estações, previsão para 2028
- Parque de Tancagem do Porto do Pecém (CIPP) – Governo do Ceará com primeira fase prevista para 2027
- Empregos na Construção – 3.550 até abril de 2025 (IPCE/Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho)
