Locadoras de pequeno porte compõem mais de 80% do setor brasileiro de locação, empresas cada vez mais profissionalizadas e atentas às necessidades dos clientes
O aluguel de máquinas está entre os setores que mais crescem no Brasil, não necessariamente em saltos percentuais elevados, mas num avanço contínuo e gradativo. Dados da Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Setoriais de Locação de Equipamentos para a Construção (ANALOC), apontam que essa atividade apresentou um bom crescimento em 2023, deve avançar em 2024 e manter o ritmo em 2025.
Por todo o território brasileiro, aproximadamente 40.100 empresas desempenham a atividade de rental e movimentam em torno de R$ 28 bilhões em negócios, segundo números obtidos pela ANALOC junto à Receita Federal. Em mais de 80%, as micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais (MEI) compõem esse cenário, dando a entender que o perfil de locadoras de pequeno porte é o que possui maior capilaridade no país.
Diante da realidade de um setor altamente competitivo, as margens de lucro acabam sendo reduzidas e a base de clientes sempre disputada, fazendo com que as empresas precisem investir em boa gestão, atualização tecnológica e frota com equipamentos recentes e eficientes para se manterem no páreo com a concorrência. Gustavo Prioli, diretor da Mont Loc, da cidade de Monte Aprazível (SP), destaca que continua inovando e investindo, com os negócios crescendo de forma satisfatória.
“A vantagem de ser uma locadora médio porte é que temos um contato maior com o cliente, entendemos suas necessidades e conseguimos não somente locar, mas contribuir com soluções adequadas para as obras”, diz ele, acrescentando que a demanda está ligada relativamente a proporção do porte da locadora.
De acordo com Gustavo, um bom gestor empresarial deve ter um olhar atento para detectar as necessidades da região onde atua, procurando inovar sempre, identificar exemplos de sucesso, fazer networking, manter uma equipe comprometida e investir continuamente.
Dificuldades das pequenas locadoras
Nem tudo são flores. No início, os empreendedores de pequeno porte enfrentam uma cruzada para conseguirem conquistar seu lugar ao sol e muitos acabam cometendo erros decorrentes da inexperiência em lidar com o setor. “Investir em equipamentos de baixa qualidade, atender pensando somente em números e acabar perdendo qualidade e credibilidade estão entre os deslizes que muitos locadores novatos cometem. Além disso, muitos deixam de fazer um cadastro completo dos produtos que alugam e acabam perdendo equipamentos, acumulando prejuízos e instabilidade financeira”, explica Gustavo.
Ele fala por experiência própria e ter cometido erros no início do seu negócio. “Enfrentamos falta de capital, concorrência desleal, dificuldades para formar uma equipe boa e qualificada, teve que fazer um bom trabalho de mudança na mentalidade dos clientes em relação às vantagens da locação, já perdemos equipamentos e investimos errado”, conta. Gustavo também já teve dificuldade para entender as reviravoltas de um mercado, que não é para amadores.
Hoje a Mont Loc é uma empresa experiente, preparada para lidar com todo o sortilégio de desafios do aluguel de máquinas. “Para melhorar, estamos investindo em treinamento dos colaboradores, adequação de sistema de gestão, estudando mercado para inovar diariamente e manter o equilíbrio emocional, espiritual e profissional”, diz Gustavo.
Acesso difícil a crédito
A dificuldade de acesso a crédito é um dos problemas mais prejudiciais para o rental de pequeno porte, porque limita o crescimento e a capacidade de competição dessas empresas no mercado. Existem várias razões para isso, como a restrição de crédito que deixa as instituições financeiras mais cautelosas ao emprestar dinheiro para empresas de menor porte devido ao risco percebido.
A falta de garantias é outro fator, porque muitas vezes as pequenas locadoras acabam não dispondo dos ativos ou bens necessários para garantir empréstimos. Isso pode ser especialmente verdadeiro se a empresa for novata e não tiver um histórico financeiro estabelecido.
O processo de obtenção de crédito pode ser complexo e burocrático no Brasil, especialmente para empresas menores que podem não ter os recursos ou a experiência necessária para lidar com isso de forma eficaz. A quantidade de documentação exigida e os requisitos de conformidade podem ser intimidantes para proprietários de pequenas empresas.
Contudo, mesmo que as empresas de pequeno porte consigam acesso a crédito, elas podem enfrentar taxas de juros mais altas que as praticadas pelos bancos com empresas maiores e mais estabelecidas. Isso pode aumentar os custos operacionais e reduzir a lucratividade.
Por vezes, a situação econômica do país também pode afetar significativamente a disponibilidade de crédito. Em tempos de recessão ou instabilidade econômica, os bancos tendem a ser mais conservadores em relação ao empréstimo de dinheiro.