A máxima ‘fazer do limão uma limonada’ tem sido a expressão dos locadores Arthur Vieira, da Bahia, e Rogério Pereira Lima, de Minas Gerais. São histórias de superação que você merece conhecer
Não é novidade que durante alguns anos o Brasil enfrentou crises econômicas e políticas que impactaram profundamente diversos setores, incluindo locação de equipamentos. Mas em meio ao caos, alguns locadores conseguiram, com muita resiliência e trabalho, transformar as crises em oportunidades e se reinventar.
Uma dessas histórias vem de um locador da Bahia, Arthur Vieira, por duas vezes presidente da ABELME – Associação Baiana das Empresas Locadoras de Máquinas e Equipamentos, que existe desde 1997. Toda a vida profissional de Vieira sempre esteve ligada ao setor de equipamentos. Começou muito jovem, ainda como treinee, na Baema Equipamentos, depois passou por várias revendas e em especial pela Téchnico e Movesa, nas quais foi gerente da área de aluguel de máquinas. Até que, em 2002 montou sua própria empresa de locação.
Um carro e uma casa
“Queria muito montar meu negócio, mas precisava de recursos. Foi quando conversei com minha esposa e ela não só concordou como apoiou. Pedi demissão, vendi uma casa e um carro que eu tinha, comprei uma escavadeira usada e dei entrada em uma nova. E assim seguimos”, conta.
Arthur diz que sua participação na ABELME, o contato com outros locadores e entidades do setor, as amizades e a troca de experiências foram fundamentais para superar os desafios e cravar sua marca como locador. “Uma das dificuldades foi a valorização dos locadores da Bahia, já que no início dos anos 2000 muitas empresas ainda preferiam contratar locadores de outros estados”, lembra.
A empresa cresceu, se estabilizou, até que veio a pandemia em 2020. “Todos os setores sofreram muito. No nosso caso, ainda tivemos alguns poucos serviços, pois o operador trabalha sempre isolado na máquina e já utilizava EPIs que minimizavam a possibilidade de contágio. Mas não havia obras novas”, conta.
Outro agravante desse período e do pós pandemia, segundo Arthur, foi a entrada no mercado dos grandes players, ou seja, das megaempresas de aluguel. “Isso complicou ainda mais a situação dos pequenos e médios locadores, pois esses players entraram com muita força e abraçaram uma fatia de mercado que diversos locadores pequenos atendiam. Vários dos nossos clientes passaram a optar por um único fornecedor e a transição foi difícil,” conta o empresário.
Atendimento e novos produtos
Mesmo assim, de acordo com Arthur, os pequenos começaram a se destacar por algo que o grande locador normalmente não oferecia: exclusividade no atendimento personalizado a cada tipo de demanda. Locar rompedores utilizados em obras de demolição foi outra solução encontrada pelo empresário da Bahia. Nessa época, seu irmão Sylvio Vieira trabalhava com fornecimento de peças e manutenção deste tipo de equipamento.
“Um dos fornecedores que trabalhava com meu irmão, a JCE Brasil, passou a ter um relacionamento mais próximo pelo volume que comprávamos e pelo relacionamento que tínhamos no mercado. Meu irmão e eu nos tornamos sócios e juntos passamos a representar a JCE na Bahia, com a venda e distribuição de rompedores e pulverizadores”, diz
Arthur Vieira sente que o negócio de locação de equipamentos para infraestrutura está, aos poucos e uma vez mais, recuperando o fôlego. “Porém, com a revenda tem sido muito importante por oferecer soluções completas. Hoje estamos à busca de outras marcas com tecnologia de alto nível para representar”, conta.
Empreendedorismo das Minas Gerais
Há 32 anos no mercado, Rogério Pereira Lima começou como prestador de serviços de manutenção e fabricação de peças para betoneiras. Migrou anos depois para locação de equipamentos leves em sociedade com o irmão, e juntos passaram a ocupar um bom espaço no mercado de locação das Minas Gerais. Quando o irmão saiu da sociedade, Rogério parou com a locação para voltar a fabricar peças.
Sempre atento ao ecossistema do Rental, percebeu que após a pandemia, os locadores mudaram a forma de trabalhar, comprando conforme a necessidade sem estocar peças ou máquinas, como faziam antes. “Foi quando, já em carreira solo, me tornei assistente técnico de todas as marcas de betoneiras, ao mesmo tempo em que passei a representar uma boa marca do Sul, a Horbach. Deu muito certo, hoje trabalho com as marcas Raisman, Redline, IMC, Cr Ferramentas, UP, Dynapac e outras. Em função disso, criamos a Protecfer ShopMáquinas e um Centro de Estocagem e distribuição”, conta.
Atualmente a atividade de Rogério se divide em várias frentes: Protecfer fábrica de peças e locação de betoneiras, a Protecfer ShopMáquinas e um Centro de Distribuição.
Locação sempre
Atender ao setor de várias maneiras sempre foi a prioridade do empresário de Minas, tanto que hoje é diretor social do Sindileq Minas Gerais. Rogério também é um dos fundadores do Grupo LocadoresBR. “Em 2014, tive um problema sério de saúde e fiquei um ano sem andar. Dois anos depois, comecei a fazer fisioterapia aqui em Belo Horizonte e entre uma sessão e outra, criamos um grupo de Whats App só para locadores”, diz ele.
A ideia foi crescendo e inicialmente se estendeu para São Paulo, pelas mãos do Douglas Pereira e depois para outras regiões. “O grupo tomou forma, ganhou mais administradores e atualmente temos grupos de norte a sul do país. Hoje temos a Revista digital Locadores BR, criamos e apoiamos feiras e workshops em parceria com outras entidades do setor, como a Analoc Rental Show e passamos a ter uma repercussão e representatividade que antes sequer imaginávamos. Tenho muito orgulho disso”, arremata Rogério.