Um novo plano de carreira está sendo lançado pela construção civil, em São Paulo, com o objetivo de reverter o apagão de mão de obra que afeta o setor e atrair profissionais jovens. O programa, fruto de uma iniciativa conjunta de sindicatos e empresas, pretende mostrar um trajeto profissional estruturado, do aprendiz até o mestre de obras, abrindo caminho para um desenvolvimento claro dentro da indústria.
Com cerca de 2,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada, a construção civil é uma das maiores empregadoras do país. No entanto, o setor enfrenta dificuldades para recrutar novos talentos, especialmente entre os jovens, que parecem evitar cargos operacionais tradicionais como o de pedreiro. A iniciativa visa mudar essa percepção e tornar a carreira mais atrativa, com mais reconhecimento e possibilidades de avanço.
Nesse sentido, o Sinduscon-SP e o Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores) estão estruturando um plano de carreira nacional, com apoio do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), para guiar o trabalhador da base até os cargos técnicos e de liderança.
Entre as estratégias está a mudança de nomenclaturas — por exemplo, rebatizando funções que carregam estigma ou imagem antiquada, para termos mais modernos que falem à nova geração. Além disso, o programa inclui capacitação técnica, certificação profissional e mentoria, com etapas definidas e apoio contínuo para quem quer construir uma carreira alicerçada em crescimento.
O setor da construção foi o quarto maior gerador de empregos em abril de 2025, ficando atrás apenas de serviços, comércio e indústria, e à frente da agropecuária. Ainda assim, os desafios persistem — o plano de carreira surge, portanto, como resposta urgente à escassez de mão de obra e à necessidade de renovação do quadro profissional.
Essa iniciativa representa uma tentativa pioneira de ressignificar o setor entre os jovens, mostrando que a construção civil pode oferecer mais do que força bruta: oportunidades de mobilidade interna, formação contínua e reconhecimento profissional. O sucesso dependerá da adesão de novas gerações a esse novo modelo de ocupação estruturada e valorizada no longo prazo.
Fonte: Folha de S. Paulo