Que desafios enfrenta uma empresa que opta por locar fôrmas e escoramentos? Quais competências precisa ter ou adquirir? É o que você vai descobrir a seguir
Em meados dos anos 80, quando apenas duas ou três empresas trouxeram da Europa os primeiros sistemas de fôrmas verticais e escoramentos para o Brasil, já tinham a percepção de que iriam mudar paradigmas importantes e implementar muito mais eficiência aos canteiros.
Ainda com soluções de painéis leves, fôrmas de aço de 25 a 35 kg/ m2 e mano portáveis, ou seja, transportáveis manualmente pelos próprios operários, os sistemas de fôrmas rapidamente passaram a fazer parte do portifólio principal dos equipamentos utilizados em obras de infraestrutura de todo tipo, e mais tarde de construções industriais e imobiliárias.
De lá para cá, os sistemas de fôrmas e escoramentos evoluíram com rapidez e tornaram-se imensamente populares na engenharia brasileira. Feitas de madeira, aço, alumínio ou combinação de materiais a depender do tipo de construção, as fôrmas moldam as paredes de concreto e outros elementos que fazem parte da estrutura das obras. Servem para definir o formato e a textura das superfícies de concreto e são projetadas para resistir ao peso e à pressão exercidos pela mistura fresca.
Os escoramentos, por sua vez, dão suporte às formas até que o concreto tenha adquirido a resistência necessária para assegurar uma perfeita condição de concretagem.
Crescimento no rental
O mercado da construção logo percebeu que alugar sistemas de fôrmas seria muito mais produtivo e que exigem menos mão de obra na montagem e isso desencadeou a criação uma “especialização” dentro do rental. Basta um olhar mais atento para perceber que quase 40 anos depois e apesar de todos os percalços econômicos das últimas décadas, a locação desses produtos é cada vez mais expressiva e mantém um crescimento exponencial.
Alexandre Pandolfo, head de operações da Abrasfe – Associação Brasileira das Empresas de Fôrmas, Escoramentos e Acessos, com sede em São Paulo, conta que em 2025 o mercado de aluguel desses produtos continua em alta e ainda carrega a bagagem de 2024, quando as empresas tiveram uma taxa de ocupação bem acima da média, apesar das diferenças regionais.
Hoje, o Brasil todo dispõe de locadoras que atendem não só a área infraestrutura, como também edificações grandes, pequenas e médias e os mais diferentes projetos.
Com a introdução de novos materiais, como o aço e o alumínio, as fôrmas e escoramentos se tornaram mais versáteis, eficientes e a construção de estruturas mais seguras e produtivas. Os sistemas pré-fabricados e modulares contribuíram significativamente para a redução dos custos e dos prazos de execução das obras.
“As empresas seguem investindo no desenvolvimento de soluções completas utilizando materiais diferentes e que não apenas melhorem a qualidade do concreto, mas que apresentem alternativas de reuso e reciclagem”, afirma Pandolfo.
Segundo a Abrasfe, as fôrmas mais locadas atualmente em volume e quantidade são as mais leves e portáteis, pois permitem várias configurações e geometrias com um único tipo de painel e ainda dispensam transporte e içamento mecanizado. Já as de alumínio são as mais procuradas pelas empresas quando o negócio é aquisição.
Percepção do mercado
Quem pretende atuar na locação de fôrmas e escoramentos precisa se atentar para alguns fatores. Entre eles, a busca constante por conhecimento técnico, informações e atualizações sobre do mercado, gestão e tudo que envolve a operação.
A Abrasfe recomenda fortemente que o locador conheça com profundidade as tecnologias disponíveis e faça um correto mapeamento do mercado, localizando as obras e o tipo de produto mais adequado para seus clientes. “Nesse sentido, a Abrasfe oferece um grande suporte para as empresas que desejam entrar nesse o mercado. O Abrasfe Academy, por exemplo, promove atividades de capacitação da mão de obra dos associados e das empresas consumidoras dos seus produtos”, conta Pandolfo.
A entidade faz e divulga análises permanentes sobre as tendências de mercado, realiza debates sobre as principais questões que afetam o segmento incluindo as normas técnicas. Um comitê de engenharia é responsável por compilar e promover melhorias em todo conteúdo técnico sobre a aplicação dos produtos.
“O fato é que a locação de fôrmas exige uma venda especializada, consultiva”, afirma Alexandre Pandolfo. “A locadora precisa oferecer soluções completas que permitam resolver todas as demandas que o cliente terá na obra e por isso a venda técnica tem que ser sempre muito bem feita. Tanto por parte do agente comercial ou engenheiro de vendas da locadora, como por parte do cliente que está locando. No geral, é preciso bons projetos, com responsabilidade de engenharia e equipes experientes no suporte”.
Outra recomendação importante é que a locadora tenha à disposição do cliente uma gama de acessórios de alta qualidade e que permitam resolver tanto arremates quanto fechamentos e alinhamentos. “Tudo precisa estar bem definido e resolvido para deixar menos mão de obra executada in loco,” explica o head de operações da Abrasfe. Executar uma parede reta de uma piscina, por exemplo, pode ter baixa complexidade. Mas quando se trata de soluções com muita geometria e interfaces é bem mais complicado. Por isso o conhecimento para a venda técnica é tão importante.