Os setores que mais têm se destacado na compra de equipamentos são a locação, a construção pesada e o agronegócio, sendo que os dois primeiros somam um market share de 63%
A demanda por máquinas para construção tem perspectiva positiva para 2024, após uma queda nas vendas estimada em 13% neste ano, chegando a 52,4 mil unidades comercializadas ante as 60,3 mil unidades em 2022. Os dados foram apresentados no Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção. A perspectiva é que a retração de 2023 seja revertida por um crescimento de 6% nas vendas de máquinas para construção no próximo ano.
Especificamente para a linha amarela (movimentação de terra), a expectativa é uma alta de 7% em 2024, diante da queda estimada em 21% neste ano. O levantamento aponta que os empresários do mercado de equipamentos estão mais otimistas para o próximo ano, com 76% dos respondentes estimando crescimento nessa área. Para o setor da construção, a expectativa também é positiva para 54% dos entrevistados.
Mario Miranda, coordenador do Estudo de Mercado, mostrou que os setores mais relevantes neste ano são o agronegócio, a locação e a construção pesada. “Em termos de vendas, os dois segmentos com maior market share – construção (37%) e a locação (26%) – somam 63%. As empresas que relataram crescimento neste ano, a média de elevação foi de 16%”, afirmou.
Locação é destaque positivo
Na visão de Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), ressaltou que a locação está em destaque, tendo potencial de ampliar sua participação no share de mercado. “Vemos uma inteligência estratégica por parte dos usuários de máquinas, sobretudo as construtoras, que estão intercalando o uso de sua frota com a locação. Por isso, o percentual de frota parada caiu para 19%, quando era de 57% em 2017”, explicou. Daniel reforçou, ainda, que o locador ganha no investimento e no tempo, enquanto o construtor ganha na produção.
De acordo com Christiano Kunzler, CEO da InfraBrasil, essa prática também é utilizada por sua empresa, uma vez que 30% da frota é das locadoras. “Nossa frota própria não para, complementando-a com equipamentos locados. Produzimos mais. É uma ótima estratégia”, disse.
Outro segmento que tem beneficiado o setor é a mineração. Kunzler comentou que as mineradoras estão exportando e que devem realizar investimentos nos próximos anos. “Nossos clientes estão consumindo equipamentos. A demanda por caminhões fora-de-estrada está crescendo”, explicou. O Estudo da Sobratema aponta uma estimativa de alta para essa categoria de 117% neste ano, com 163 unidades vendidas contra 75 unidades comercializadas em 2022.
Por sua vez, o economista Luís Artur Nogueira avaliou que 2024 será um ano de transição, para um novo ciclo de crescimento a partir de 2025. Em sua análise, a demanda por máquinas deve ficar aquecida já no próximo ano, devido às obras de infraestrutura, advindas das concessões e do PAC, da perspectiva de um novo ciclo de crescimento na área imobiliária com a queda da taxa de juros e a retomada do programa Minha Casa Minha Vida.
A respeito do crédito, que foi considerado um dos principais desafios pelos entrevistados no Estudo de Mercado, Nogueira pondera que a taxa Selic deve continuar caindo, podendo chegar abaixo dos 10% em 2024, a depender do cumprimento ou não do novo arcabouço fiscal, e da guerra entre Israel e o Hamas.
O Estudo de Mercado foi apresentado durante o evento Tendências no Mercado da Construção, que contou com a participação de quase 2 mil profissionais do setor. Miranda lembrou a importância da tecnologia para o setor de máquinas, que tem adicionado controle em máquinas existentes na frota e aplicado inovações para impulsionar ganhos de mercado. Também mencionou que para a realização da aquisição das máquinas, 43% dos entrevistados utilizaram capital próprio, seguido por CDC, com 27%.